Categoria: Desenho
Exposição “À Beira da Metamorfose”
A exposição “À Beira da Metamorfose”, no Instituto de Arte da UNESP, apresentou obras do artista Diogo Nógue, entre 02 e 12 de maio. A mostra, que explorou a intersecção entre identidade negra e simbolismo, destacou o corpo e suas interações. A abertura teve a participação de diversas personalidades da arte e cultura.
Mãos – 35 Anos da Mão afro-brasileira
Em 1988 a nova constituição do Brasil era promulgada, no centenário da suposta “abolição” da escravatura.
Saindo de vinte e quatro anos de regime ditatorial do golpe de 64. Um artista negro, curador e museólogo Emanuel Araújo promove a exposição “A mão afro-brasileira” no MAM para marcar o centenário da lei Aurea e principalmente, o trabalho de homens e mulheres negras que construíram este país.
Um marco icônico e histórico da diáspora africana nesse território. Emanuel mostrou, pelo viés artístico, como as mãos negras, construtoras forçadas dessa nação, resistiram e criaram uma leitura de mundo forte, inovadora, ancestral.
Reunindo artistas que, ao mesmo tempo que se alimentaram do que as diferentes etnias indígenas sabiam desta terra, desenvolveram as suas próprias. Elaborando estratégias e mecanismos de sobrevivência também com a cultura do opressor europeu. Uma delas, a ginga, permitiu transpassar por debaixo de violências e epistemicídios, uma filosofia, história, e tradições com resquícios de uma memória ancestral das nações raptadas e destruídas no continente antigo.
Registrando nomes e a produção intelectual de homens e mulheres negras que, de outra forma, seriam esquecidos e apagados da história deste território colonizado. Emanuel construiu um pedestal, um memorial, um altar para os que vieram antes de nós. Mesmo que ainda incompleta, e incapaz de reunir a grandeza de nossa gente e as diversas vidas e comunidades necessárias para cada um daqueles nomes integrar a exposição, nos deixou um legado firme para sabermos para onde seguir.
A importância dessa mostra é tamanha, que a partir dela, Emanuel criará o Museu Afro-Brasil. Recontando em seu acervo, como protagonistas de nossa história, a visão não do colonizador, genocidas que se proclamam heróis. Mas dos oprimidos, vilipendiados, roubados. Que sobre o projeto do estado brasileiro (de nos aniquilar em alguns séculos), seguiram firmes em busca da liberdade que ainda hoje não veio.
Apenas quatro gerações de afrodescendentes “livres” separavam o crime hediondo do regime escravocrata nessas terra, e mesmo assim, não vivíamos ainda enquanto cidadãos de direito nesse território. Sem terra, sem direito a educação. Com fome, nos alimentando apenas do sonho de nossos antepassados por viver, além da sobrevivência.
Mesmo diante de condições mais que inapropriadas, em diversas áreas, o protagonismo de nossas mãos propôs na pratica e na teoria, a construção de um pais de todos, e não apenas do europeu usurpador.
No anonimato dessa história, meus avós, meus pais, a exemplo de muitos outros negros, sonharam prosperar e serem melhores para o mundo. Provando a nós e a eles, nossa estirpe, fibra e valor. Se negando a cumprir o plano que traçaram para nós. Nunca sozinhos, sempre reflexos de uma comunidade e rede. Que inevitavelmente é atravessada pelas violências, contradições e traumas de nossos tempos. Sem clamar a pureza que a branquitude se diz portadora. Mas apenas a humanidade, que demonstra a filosofias Bantu, Yorubá e Fon, onde nem nossas divindades são perfeitas, nem sempre boas ou má, são o que são, no momento que lhe é pedido.
Herdeiro apenas desse sonho de liberdade, nascia eu em 1988. Junto de uma esperança de um país democrático, que colocasse o negro e o indígena como seu povo de fato, e não apenas intrusos e criminosos, gente de segunda categoria. Ao menos era o que a “Constituição cidadã” pregava em suas leis.
Longe de usufruir dos direitos propostos na constituição, a população negra ainda vive sobre genocídio, gentrificação e processo de apagamento. Porém, uma das conquistas mais importantes foi o acesso de negros e negras a universidade, ainda que na maioria, por um processo liberal que beneficiou os cursos privados. Grande numero de negros passaram a se inserir na academia e deixando de ser objeto de estudo para brancos de classe média e alta, trazendo as discussões sociais, econômicas e politicas para narrativas mais próximas do nosso povo. Resgatando conhecimentos e tecnologias que são de riqueza e inovação grandiosa, mas que era usurpada ou desvalorizada por forasteiros.
Nesse processo de produzir subjetividades e disputar narrativas e simbologias. Estamos nos contrapondo aos processos coloniais e hegemônicos da branquitude que até pouco tempo se denominavam os “normais”, “genéricos” exemplos categóricos da humanidade. Os escolhidos divinos para dominar todos os outros.
A arte então, poderosa por sua natureza de transformar a realidade ao analisá-la e suspende-la. Vive agora um boom, com grandes exposições acontecendo simultaneamente com destaque a produção de artistas negros.
Fazer parte desse momento, e contribuir com minha vida e minha pesquisa no caminho que tantos outros lutaram, foi o objetivo que sonhei aos quatorze anos, durante uma aula de história, buscando compreender qual o sentido da vida, e porque estamos aqui.
Sou testemunha e representante de um legado, dos que sonharam e lutaram antes de mim. E que lá em 1988, foram otimistas o suficiente para gerar uma vida, em busca de um mundo melhor.
Desconversando o Eu e Imagens Vestígio
Presente na mostra está uma montagem da série de desenhos “Desconversando o Eu” feitas em caneta nanquim, marcador sobre papel color set marfim. Pensados para serem apresentados juntos, os desenho “Transformação”, “Não Tente Correr”, Não verás país nenhum” e “Vai morrer Cedo” são resultado da minha pesquisa imagética chamada “Imagens Vestígio” onde através da acumulação de desenhos de observação, imaginação e texto em cadernos que utilizo enquanto me desloco pela cidade.
Por morar na Zona leste de São Paulo e sempre ter trabalhado e estudado em lugares distantes de no mínimo 1h30 de deslocamento por ônibus, metro e trem. Esses cadernos eram formas de continuar pensando em minha produção artística e exercitando o desenho pela observação. Esse processo foi se tornando uma acumulação de imagens fragmentadas, pois o inicio e fim do desenhos eram atravessados, desde o movimento do transporte, fim do percurso, ou a perda do objeto ou pessoa que estava sendo desenhada.
As escolhas de materiais foram decorrentes dessa necessidade de mobilidade e praticidade. Desenhando diretamente na caneta, sem esboços e utilizando depois as Hachuras e o vermelho do marcador para compor com manchas, camadas, ou definir pontos de foco na composição. Todos os desenhos dos cadernos estão de certa forma, nunca acabados, pois geralmente eu voltava sobre eles e adicionava algum elemento, e as vezes, a mesma página foi construída com dias, meses ou até anos de diferença entre as imagens retratadas.
Resgatando alguns desses desenhos para pensar sobre a subjetividade do artista, homem cis e negro em 2020, 2021. No contexto da pandemia, e pensando como o racismo estava escancarado e o genocídio negros e indígenas em andamento. Minha preocupação era de não produzir um trabalho que fosse apenas uma consequência do racismo estrutural do Brasil, mas que utilizasse a potência das imagens para encontrar e ressaltar a humanidade das pessoas negras e suas especificidades.
Utilizando as linhas de nanquim e a cor vermelha, ressalto essa violência das imagens, mas também recupero simbologias ancestrais. Busco também fazer referência a outros artistas negros que fizeram parte da minha formação. Como o Octávio Araújo e Sidney Amaral e Trenton Doyle Hancock nessas obras em específico.
O Presente de Claudinei
Fazer parte desse momento, que de certa forma, esta tão ligado ao meu ano de nascimento, e também a minha decisão de encerrar meu trabalho como professor do Ensino fundamental em Suzano e mergulhar inteiramente na arte e na literatura, foi extremamente importante para mim. Acredito que será um divisor de aguas em minha trajetória enquanto artista.
Uma oportunidade única que Claudinei Roberto me presenteou e serei sempre grato. Um outro presente foi de me colocar ao lado das obras de Octávio Araújo. Que como já comentei aqui diversas vezes, foi quem me fez ser um artista visual. E durante a adolescência ficava tardes tentando reproduzir suas litografias como forma de aperfeiçoar meu desenho.
Infelizmente não pude conhecer Araújo em vida, porém, me considero um discípulo de sua produção e um exemplo de excelência artística que desejo alcançar um dia.
Aos meus ancestrais
Por ultimo e o mais importante, chegar até aqui nessa exposição foi um trajeto difícil que só foi possível graça as forças ancestrais que guiaram e protegeram minha família, e meus pais Cicero e Regina que me apoiaram e incentivaram sempre com livros, materiais, mesmo que com poucos recursos. E que deram estabilidade para eu poder estudar e pesquisar minha arte.
Penso minha produção como uma retribuição as lutas das pessoas negras que morreram buscando nossa liberdade. E uma forma de buscar justiça, e ainda o mais importante, plantar sonhos para os que virão chegarem mais longe.
Exposição “Meu Corpo que te Abriga”
Meu Corpo que te abriga – No mês de novembro, dia 23, abri uma exposição de desenhos e pinturas na cidade de Santo André.
A princípio, o convite para a exposição no Centro de Formação de Professores Clarice Lispector foi uma ótima surpresa no fim do ano. Assim, fiquei muito feliz pelas mostras que pude participar ao longo de 2022. Duas coletivas cheias de ótimos artistas. Então, foi ótimo finalizar o ano com uma individual.
Tive total liberdade e o espaço para mostra foi bem generoso. Decidi por reunir algumas séries que tinham tudo a ver com a Decolonização (tema das palestras e eventos voltados a professores do EJA na rede).
Ano passado, eu fui convidado para participar de uma palestra em Santo André sobre o mesmo assunto. Porém por conta da pandemia, tivemos que fazer on-line. Desta vez, conseguimos nos encontrar presencialmente. Assim, levar para os professores e alunos da rede uma reflexão que passa pelo meu trabalho como professor no ensino fundamental e também como artista.
Descolonizando o Olhar
Desde o ano passado, e partindo das minhas pesquisas que culminaram na exposição “O que nunca vão apagar” (2020), revisitei minha produção da faculdade e pós formação. E pude ver, criticamente, como minhas referências visuais eram muito caucasianas. Fruto de um repertório visual construído a partir de livros de história da arte, críticos e um currículo eurocêntrico.
Logo, minhas preferências culturais também ficaram muito focadas em gostos brancos, tive que me “desintoxicar” desse meio, frequentando mais polos de cultura negra, ouvindo mais musica, literatura, culinária e arte negra.
Enfim, Foi uma volta as raízes e uma volta a mim mesmo. Deixar de tentar me encaixar em um padrão do que eu achava, era a única forma de parecer um “artista de verdade”.
O Corpo que me abriga
Primeiramente, a investigação da representação do corpo sempre esteve presente em minha arte. Muitos apontavam a questão da violência que as imagens invocavam por se tratar de corpos fragmentados, anatomias com músculos, ossos, e veias aparecendo. Porém, para um artista, assimilar o corpo como um objeto de estudo é algo muito natural, ver as figuras apenas como um motivo para exercitar o gráfico, luz, sombra, linhas e manchas.
Nos anos 90, enquanto crescia, essa violência gráfica era muito comum e muito consumida. Estava fácil na TV, filmes de terror, jogos de videogame, revistas e até em fotos de acidades. Portanto, em meu subconsciente era algo muito normal, algo que para outras pessoas era muito forte.
Dessa forma, quando emprego essa representação para tratar da violência contra o corpo negro, para um publico estruturalmente racista, vira uma arte indenitária. Já que para a branquitude, o homem branco é o genérico, eles não percebem que toda a arte deles é indenitária e, ainda mais, supremacista.
Em síntese, tive que expulsar esse conceito do branco como o genérico e padrão, para enfim, meu corpo me abrigar de forma confortável.
Veja como foi a mostra
Serviço
Meu corpo que te abriga – Diogo Nógue
C.F.P Clarice Lispector – Rua Tirol, 248 – Santo André
Visitas de Segunda à Sexta – Horário comercial
Até 10 de dezembro de 2022
Quem matou Basquiat?
Tive um tempo para refletir minhas influências e a partir da obra de Basquiat desenvolver novos trabalhos em desenho misturando os meus processos e alguns pensamentos da figura do homem preto.
Adinkra, Horus e Baobá – O novo logo
O Nascimento
Com o lançamento do novo site, resolvi renovar mais uma vez o meu logo. Dando uma atualizada nas linhas, limpando elementos, composição e adicionando símbolos e uma visão afrofuturistica do design. Gostei bastante do resultado, pois ficou mais proximo do que eu tinha imaginado em 2007.
A primeira versão tinha como objetivo fugir de um logotipo baseado em conceitos padrões do design dos 00’s (voltado para síntese, pouco elementos). Tinha em mente o acumulo de elementos e brasões de armas ou de famílias reais. Também queria algo bastante simbólico, que tivesse uma relação próxima com minha produção de arte.
Por isso, os elementos do olho ( espelho da alma) e as asas (liberdade e imaginação) já estavam presentes. Neste momento eu tinha criando um desenho carregado, cheio de pontas e manchas pois queria algo “sujo” visualmente. Porém em 2015 resolvi atualizar esses conceitos, limpando o desenho das asas, olhos e letras.
Então adicionei o conceito de escudos africanos como forma de silhueta e as formas circulares e espaço negativo por trás do logo forma ideia do infinito, o olhar ficava preso na forma e encontrava em seu centro a alma e nela o simbolo de fechadura (possibilidade de descoberta).
O novo logo
Continuando a desenvolver esses elementos já ditos acima. Decidi adicionar o Baobá (arvore sagrada, raízes ancestrais) em negativo ao centro do logo com a fechadura em seu caule, e o adinkra Ananse ntontan (criatividade e sabedoria) abaixo das asas, levando o Ankh aos olhos fortalecendo a ideia de Hórus com os olhos e suas asas, a lua, imaginação, imortalidade.
Em resumo, o novo logo reúne diferentes referências de vários grupos africanos, e busca trazer a força ancestral da criação, imaginação, vida, eternidade e força que são as marcas do povo preto no mundo. Nosso sangue rega o mundo de conhecimento, filosofia e arte!
O Renascimento
Estamos vivendo um novo momento, pois a nossa comunidade preta está estudando, retomando seu protagonismo em pesquisas, teorias e filosofias. De onde viemos, e quem somos não pode ser definido pelas normas e dogmas escolhidos pelo povo branco. Devemos a cada pedaço definir nosso território e nossa perspectiva como africanos e povo preto. E nesse caminho nada melhor que repensar nosso olhar como de um sujeito Afrofuturista – que recria e repensa o mundo de acordo com suas raízes.
Ao desenhar meu novo logo tinha isso em mente, e por esse motivo que me sinto tão contente com o resultado e pretendo usa-lo como marco pessoal para que a partir dele traga para o site esse olhar Afrofuturista.
E vocês, o que acharam?
Exposição “Imagens Vestígio” – Desenhos das lembranças
A partir do dia 27 de abril, a mostra Imagens Vestígio vai estar aberta a visitação no Lobo Centro Criativo.
A abertura será as 19h horas desta sexta. Os desenhos estarão a venda pelo período da exposição que termina em 25 de maio.
Neste post vou falar como surgiu a pesquisa e como os trabalhos da mostra foram feitos.
Imagens Vestígio – A Pesquisa
Imagens vestígio surge inicialmente como processo de criação, pesquisa de desenhos e símbolos que eu pudesse usar em minhas pinturas. Ainda em 2009 costurei meu primeiro caderno para usar entre a inda e vinda da faculdade e do trabalho. Para esse caderno escolhi um papel de cor escurecida chamado de Marfim. Sua superfície lisa e sua gramatura média permitiam diferentes usos de materiais, desde o lápis grafite, passando por marcadores, canetinhas e até aguadas simples.
Outro fator determinante para o resultado dos desenhos seria o material: Deveria ser fácil de se carregar e registrar, sem que me preocupasse com secagens ou atravessamento do papel. O feliz encontro e descoberta do Marcador da Montana Colors se uniu as comuns canetas nanquim, (que já usava por ter paixão por hachuras). Deste encontro, nasceu a característica forte, expressiva e simbólica que os desenhos do caderno foram tomando.
As primeiras páginas desse caderno no entanto foram de pesquisa de materiais, usei lápis de cor laranja, aquarela, marcador branco e outros, porém no encontro do marfim, preto e vermelho, foi que achei maior força.
Então saia todos os dias com meu companheiro de viagem, desenhando ambiente, objetos, pessoas em metrô ônibus, fragmentos de obras de arte e desenhos de imaginação, poemas, reflexões sobre minha produção, nomes de artistas, e outras infinidades de coisas. Buscando sempre um desenho sem esboço, direto no nanquim e equilibrando a composição com massas vermelhas uniformes, um universo imagético construído de resquícios de lembranças e registro de esquecimentos, foram se formando, misturando motivos antigos em meu repertório e criando novos.
Consequência do erro, acaso e embate entre material, controle motor e ideia, cada folha do caderno tem uma história e ao revisitá-lo quase sempre sou transportados para o ambiente em que foram produzidas. As vezes a sala de aula, outras em um restaurante de comida barata, outras na mesa de bar de aniversário de amigos, bibliotecas, quartos, estradas, ou a beira do mar.
Toda essa pesquisa que continua até hoje passou por várias fases e meus pontos de interesse foram variando, entre Dali, Goya, Van Gogh, Octávio Araujo, Daniel Senis, Eva Hesse, e tantas outras referências. O meu olhar pelo mundo buscava a relação do corpo com objetos, espaços, com o outro, o real e o sonho.
É interessante pensar na dinâmica de criação dessas imagens, e a relação com o resultado final. Por serem desenhos rápidos, de registos de imagens, pessoas, lugares que estavam passageiras no meu cotidiano, os desenhos tem uma natureza fragmentada, inacabada. Pois muitas vezes o motivo de estudo era perdido, ou interrompido pelo trajeto que tinha que percorrer, uma aula que chegava ao fim, e etc. E as vezes esse desenho só seria “completado” ou finalizado, dias, meses depois. Após ter passado por diversas novas experiências, a revisitação de cada página do caderno era e é constante, A revisitação de memórias, a relembrança, e sobreposição de camadas que ficaram gravadas na feitura de cada página, são o coração desses cadernos.
O primeiro caderno foi finalizado por volta de março de 2010, o segundo foi iniciado em Julho de 2010 e foi nesse momento que as questões da fragmentação se tornaram um motivo consciente e uma busca do corpo recortado, rasgado, costurado, aberto, deformado, muculos, ossos, se tornaram frequentes, o que remetiam a uma violência, a morte e o terror para muitos que observavam o resultado final. Porém o interesse nesses motivos era o poder da linha expressiva, e o como ela potencializava essa violência. Em contra partida, deixei de usar o marcador vermelho em 80% dos estudos, buscando evitar o simbolismo do sangue, dando aos corpos um caráter menos carnal. Com palavras chaves, tiradas do trabalho de Leonilson (Numeros, mãos, cabeças, ramificações, tempo, passagem, corpo, a palavra) e ações (carregar nas costas, segurar junto ao peito, voar, cair, se perder) o segundo caderno se finaliza apenas em março de 2015.
O terceiro caderno iniciado em Maio de 2015 e que ainda estou usando vem me trazendo novas reflexões e busca por representações menos eurocêntricas. Uma visita aos símbolos e imagéticas negras vem sendo minha maior preocupação na criação das imagens no momento. Os fenótipos foram mudando, novas experimentações de materiais e estilos de desenho deixaram as paginas mais variadas.
A Exposição
Para a exposição, resolvi resgatar algumas páginas dos cadernos, desenvolvendo trabalhos maiores e que reconstroem acasos, acidentes, tornando escolhas conscientes processos que tiveram um outro tempo e natureza de nascimento. Além disso, procurei reunir dois grupos de imagens, com natureza distintas nos trabalhos da amostra. No primeiro temos imagens completas, com tons simbólicos e força dramática que conversa com a referência de cada expectador, porém com interpretações mais fechadas. O segundo grupo constrói simbolismos e desperta sensações e interpretações mais abertas, que produzem leituras mais românticas, violentas ou fantásticas de acordo com quem as vê.
Essa revisita as lembranças de 9, 7 anos passados, produziu resultados interessantes e pretendo continuar esses transporte e resignificação dos fragmentos das memórias registradas.
Além também de tornar publico essas pesquisas que ficavam confinadas em meus cadernos, possibilitando novas leituras, e enriquecendo minha poética para futuros trabalhos.
Quem quiser conferir pessoalmente esse trajeto está convidado a visitar a mostra tanto na abertura, como no decorrer do mês de maio.
Serviço:
Exposição Imagens Vestígio – Diogo Nogue
Local: r. capitão cavalcanti, 35A – vila mariana/sp
Visitação: Segunda a Sábado
Site: http://www.lobocc.com.br/
Abertura: 27/04 as 19h
Exposição 10 Faces: do traço a cor
Mostra reúne retratos de diferentes pesquisas com o tema da beleza negra.
Olá amigos, ano começa com muito trabalho e exposições. Dessa vez o convite veio do Projeto 29 Cultural promovido pelo Cartório 29ª da região de Moema. A Tabeliã Priscila Agapito abre seu espaço para mostras. Assim promover um ambiente mais rico para seus clientes e fomentar a cultura.
Com ajuda de montagem e curadoria da artista Gi Archanjo, um lugar que geralmente é sério e monótono, criva vida com a arte de novos artistas.
Diante de uma oportunidade tão especial, decidi reunir algumas pesquisas ainda em desenvolvimento e recuperar algumas ideias que ficaram no caminho.
Dessa seleção é que ficaram os 10 trabalhos que vou levar para a mostra que tem a abertura programada para 19 de fevereiro, ficando em cartaz até 31 de março.
Saindo de retratos com lápis grafite, passando pelos nanquins com uma ideia afrofuturista e chegando aos retratos de guache, onde a cor da pele negra é o maior o meu interesse maior.
10 faces são perguntas que venho me fazendo em busca de uma ancestralidade, representatividade e apropriação de uma visualidade que tenta fugir do padrão eurocêntrico, e tenta beber na observação do povo negro no mundo atual e em realidades fictícias.
Sinto que ainda tenho muito que aprender e pesquisar para chegar em uma resposta e novos caminhos para minha produção. É importante dizer para mim mesmo que as perguntas estão sendo feitas. Melhor ainda é poder compartilhar esse caminho com outras pessoas.
Serviço:
Exposição 10 Faces: do traço a cor
De 19/2 até 31/03
Onde: 29º Tabelionato de Notas da Capital
Endereço: Alameda Jauaperi, 515 – Moema – São Paulo
Exposição “Entre o real e o sonho”
Com trabalhos novos, exposição aponta nova forma de pensar a imagem
Olá amigos, desde o dia 07 de outubro está rolando a exposição “Entre o Real e o sonho”. A mostra reúne algumas pinturas da série “De onde os medos crescem” e uma pesquisa de retratos que investiga a estética e representação preta. Esta é uma tentativa de levar uma pesquisa de arte contemporânea para a periferia, lugar de onde vim e que merece sempre receber e valorizar a arte produzida aqui.
A abertura foi muito divertida, apesar de a chuva ter atrapalhado um pouco. Porém foi legal falar da minha produção e pesquisa e tirar dúvidas com o publico.
Dividindo Conhecimento
Na semana seguinte ministrei uma oficina com alunos do CCJ da região. Apresentei a técnica da aguada, e conversamos sobre semiótica, símbolos e como podemos criar imagens com apropriação de signos do mundo.
A troca tem sido muito positiva em todos os pontos.
O encerramento da exposição vai ser dia 29, ainda da tempo de conferir os trabalhos e deixar suas impressões.
Obrigado à todos que participaram desse momento!
O Crespo livre, a beleza negra e inspirações estéticas de Mucha ao Afrofuturismo
Estudo – Retrato
Este aqui não ficou do jeito que eu queria, tem algo que não gostei muito, porém consegui um bom resultado nos volumes.
Pretendo refazê-lo junto com o outro que descartei. Se eu realmente conseguir fazer isso, em breve posto aqui.
Caderno chegando ao fim
Meu caderno “Imagens Vestigio II” está finalmente chegando ao fim. Este foi iniciado em 07/2010, logo após do primeiro ter acabado.
A pesquisa inicial deste caderno era o corpo fragmentado, e as relações: Corpo + corpo, Corpo + Espaço, Corpo + Objeto, Objeto + Objeto.
No caminho foram surgindo algumas coisas interessantes, outras nem tanto.
Foi um caderno que durou quatro anos! Nem acredito, já que o primeiro durou apenas 2.
Gostei dos resultados que foram surgindo, mas acabei não chegando muito nos preceitos iniciais do caderno.
O interessante é passear por suas páginas e relembrar tantos momentos, exposições e reflexões que registrei no caderno durante esses 4 anos.
Este mês pretendo costurar um novo companheiro para mais anos de reflexões sobre a minha produção e arte em geral.
até lá então!
Meu Anjo, Dali e Millet estiveram aqui
Trovinha 3 – Pomba branca no ar :)
Olá, postando mais uma novidade.
Ultimamente só tenho trabalho em dois projetos com ilustração : um livro infantil e uma animação. Já falei dos dois por aqui. Nos próximos posts vou colocar como andam cada um.
Esta ilustração do livro continuo aplicando a mesma técnica de base de aquarela e finalização na tablet com o photoshop, estão ficando bem legais, porém são bastante trabalhosas.
até a próxima.
abraço
Queimamos Natividade… era uma noite de festa.
Técnica: Nanquim, acrílica, xilo, photoshop.
Mais uma ilustração para o TNTema. Fiz essa ilustração hoje de manhã rapidinho e finalizei no ps. O tema desse mês é Brasil, um ótimo tema para ilustradores mostrarem qual é a imagem do nosso país, vai aparecer muito verde e amarelo, muito futebol e muita critica.
A minha é meio critica, meio memorial.
abraços.
Dois Corpos – Último.
Agora que terminei varias pessoas me perguntaram : “e ai, o que vai fazer com ele?”
hahaha ainda não sei, deixar guardado. e olhar pra ele daqui a uns 5, 6 meses com outro olhar, e ai, quem sabe, eu vou entender o que eu queria com esses desenhos. (ou não…)
Sobre a chuva e o GuardaChuva.
Sobre a Chuva.
Sobre a Chuva.
O sol se foi de repente
Foi-se também a luz do meu rosto
Sobrou a lágrima que corria muda
Solitária, trazendo-me seu gosto.
Os trovões rompiam o silêncio
Os raios iluminavam seus olhos.
Olhei o céu buscando estrelas
Mas a noite me trazia nuvens
Escuras como a cor dos seus cabelos.
Saí de braços abertos, passos incertos
O cheiro da chuva invadia o ar
O vento soprava fazendo as árvores dançar
Um leve gotejar, para lavar as mágoas de muitos.
Meu peito ardia cravejado pelas lágrimas do mundo.
Via o céu desabar aos poucos
A chuva molhar seu corpo bem devagar
Dançando na rua sem se importar com os outros
O vento soprar macio a te levar
Qualquer tristeza escorria pela rua
E toda beleza era sua.
Esperava contente o presente
Que lavava corpo e mente.
Fui deixando pelo chão:
Roupas, mágoas e solidão
me preenchia de pequenas alegrias:
As pérolas de cristal me faziam companhia.
Sabia que ali era seu lugar
A simples alegria encharcou meu olhar
Joguei-me em seus braços
Dois corpos e a tempestade
Sentimentos confusos
Uma só verdade.
Sabia que ali era meu lugar
Ali eu estava livre
Ali eu estava completa
Ali todos meus medos se perdiam
Todo meu coração se encontrava.
Fragmentos Sobre a Chuva
Um desenho de 2008 se não me engano, um estudo que comecei usando anilina, papel reciclado e caneta spray metálica. pretendo continuar, mas com um papel arroz quando tiver um tempinho.
em seguida, Fragmentos Sobre a Chuva…. mais um devaneio.
“…Os trovões rompiam o silêncio
Os raios iluminavam seus olhos.
Olhei o céu buscando estrelas
Mas a noite me trazia nuvens…”
“…Esperava contente o presente
Que lavava meu corpo e minha mente.
Fui deixando pelo chão:
roupas, magoas e solidão
me preenchia de pequenas alegrias:
as perolas de cristal me faziam companhia…”
Princesa da Paz – Estudo Retrato
Este desenho é um estudo feito primeiro com grafite sobre um papel colorido. depois apenas como um estudo de camadas misturei algumas coisas no photoshop. junto com o desenho, um texto poético.
abraços a todos.
Para a princesa da paz
Perco-me em seu olhar
E no sorriso que nunca vi
Leva-me para outro lugar
Desperta o melhor de mim.
Um jeito doce e forte
Que presenteia aos que tem sorte
Longe, mas nunca distante
Visita meus sonhos toda noite.
Com sua voz suave
Suas falas fortes
Encantos de uma sereia
Em cantos dissonantes.
Quem dera me perder nos seus braços
Achar-me em seus lábios,
Morrer em seus beijos
E no seu olhar, ressuscitar.
Não é só beleza sua força
Mas principalmente seu coração
A magia do seu jeito
A vontade de acreditar
Que presenteiam todos a sua volta
Que a levará a aonde quer chegar.
Não existem rosas com seu nome
Nem poderiam encontrar,
Pois não existe nada mais doce
Não existe beleza a se comparar.