Noite de lançamento, cultura negra na livraria central.
No ultimo dia 21-03 aconteceu a noite de lançamento do livro de versos populares escrito por minha mãe e ilustrado por mim – o Trovinhas das Cores e amores.
A noite de autógrafos aconteceu na livraria cultura da Av. Paulista, e fiquei muito feliz com o resultado da festa!
Como eu disse na postagem anterior, o livro levou longos 7 anos para ficar pronto, mas o que eu não disse é que inicialmente ele nem foi pensado para ser lançado. Quando minha mãe pediu pra eu ilustrar o livro, o projeto era de mais de 32 ilustrações, uma para cara verso, cheio de cores e bem gordo. Com certeza não seria aprovado por editora nenhuma e a ideia era isso mesmo, fazer apenas alguns exemplares para a família, eu teria algumas ilustras para o portfólio e minha mãe ficaria feliz com seu livro.
Porém durante o processo o projeto foi tomando esta cara final. Um livro com finalidade e possível.
Assim que o tinha pronto em mãos, um novo desafio se abria: Achar uma gráfica e produzi-lo de forma independente (como sempre pensamos que seria).
Um lançamento por editora não passou por nossa cabeça, muito menos uma noite de autógrafos na livraria mais icônica da cidade. Isso tudo só aconteceu com a ajuda do colega e amigo Fernando Guifer.
Fernando tinha acabado de lançar seu livro “Diamante no Acrílico” ano passado, após fazer uma busca por inúmeras editoras ele encontrou a Metanóia, que por intermédio dele, também ficou conhecendo o projeto do Trovas.
Graças a ele a chance de fazer minha mãe feliz com um livro ganhou um brilho especial.
Passando o bastão
Minha preocupação com a noite de lançamento era de não ser apenas uma cerimonia massante e narcisista, queria aproveitar o espaço da livraria para levar discussões sobre o preconceito e também falar da produção de periferia.
Logo de cara pensei em levar para o espaço uma galera que eu tinha conhecido faz pouco tempo, em saraus aqui na zona leste. Confesso que quando conheci o movimento de Sarau aqui na periferia em 2014 eu fiquei encantado e impressionado. Como que morando aqui na quebrada eu não conhecia e não estava junto ali, produzindo? Nem sei.
Consegui a aprovação da ideia na ultima semana com a Livraria e convidei a galera dos Filhos de Ururaí. Que tinha conhecido primeiro por vídeos na net e depois no Movimento Aliança da Praça.
A poesia combativa a interpretação forte dos Filhos era o que eu estava procurando para contrapor a delicadeza do “Trovinhas” e foi uma felicidade eles terem aceitado o convite.
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Coisa de família
Além dos “Filhos”, também contamos com meus priminhos declamando alguns versos do Trovinhas
Inspirados nos versos da tia Alice da vó Rosa, reinventados por minha mãe, ilustrados por mim e declamados por meus priminhos, quatro gerações fazendo parte dessa noite unica para a família Nogueira, descendentes de índios e escravos e transformando a Livraria Cultura em um território negro, mesmo que por uma noite.
Momento emocionante também foi quando deixamos essa mocinha furar a fila, ela comprou o livro e queria uma dedicatória, mas ela e a mãe estavam com a hora do filme pra começar e a garotinha começou a chorar, não resistimos, muito bom ver um sorriso substituir o choro de uma criança.
Foi uma noite muito agradável em que revi amigos, encontrei pessoalmente pessoas que só conhecia pela internet e que reuni a família.
Muito bom ter a sensação de ter marcado a noite de muitas pessoas e de injetar cultura, sendo produtor e fomentando a arte no mundo.
Para finalizar demos uma entrevista sobre o Trovinhas. Graças ao lançamento da jornalista e escritora Joyce Ribeiro que estava acontecendo no andar de cima.
Este foi o resumo da noite para aqueles que não foram e para os que querem relembrar.
Para ver mais fotos basta acessar o álbum da minha página.
Muito obrigado aos amigos, familiares e desconhecidos que foram prestigiar essa noite e espero vê-los em breve em novos lançamentos, ou em aberturas de exposições.
Veja também a entrevista dada ao Canal Todos os Negros do Mundo
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