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Ilustrando O Livro Trovinhas
Olá, se vocês acompanham o Desenhos e Devaneios desde o blogspot, já viram por aqui algumas ilustrações do livro infantil “Trovinhas das Cores e Amores”
Para quem chegou agora, deve ter visto que o lançamento do livro será dia 21/03 na livraria cultura. Clique aqui para saber tudo sobre o lançamento.
Se não me engano, comecei as ilustrações no final de 2008, prestes a iniciar meu projeto de tcc na faculdade, o que me deixou sem tempo para o projeto.
Durante esses nove anos, fui fazendo aos poucos as 12 ilustrações que compõem o livro. Mas antes de colocar a mão na tinta (e na tablet) levei bastante tempo junto com minha mãe dando uma cara para o livro.
O primeiro desafio foi criar um enredo e agrupar os versos que tinham relações uns com os outros. Dessa forma, foi possível desenvolver um caminho e também perceber um ambiente imagético para criar as ilustrações.
No segundo momento, decidi ambientar a história do livro em um universo mais campestre, uma paisagem vivida por meus avós criando uma ponte de realidades entre as trovinhas e as ilustrações.
Uma grande dificuldade que encontrei durante o processo foi a técnica.
Escolhi fazer as ilustrações misturando aquarela e pintura digital, buscando uma base de manchas, texturas e acaso na técnica manual e dando acabamento na pintura com a mesa digital. Sem contornos e com composições cromáticas variadas (afinal, as cores eram um dos pontos principais do livro). As dificuldades com a técnica foi um dos principais fatores pela demora em finalizar o livro.
Chegar em um bom resultado nessa mesclagem foi um desafio que fazia com que as ilustrações demorassem a ficar prontas, ainda mais por eu só trabalhar nelas em pequenos períodos entre outras atividades.
Por ultimo, mas não menos importante. Aliás o ponto principal do livro… tratar de representatividade, trabalhar a luta contra o preconceito (de todos os tipos) e ser abrangente para vários públicos. Este era o meu desafio.
A luta pela representação negra
Como designer, ilustrador e escritor sempre me senti oprimido por uma barreira invisível e ao mesmo tempo extremamente densa que tinha de atravessar em todo momento de criação.
Lembro que sempre que começava a escrever um conto, o personagem principal em minha cabeça era branco. Quando desenhava quando criança, criava caucasianos e mesmo depois em meus primeiro estágio como designer, me sentia compelido a escolher imagens e criar comunicações com pessoas brancas. (existia uma regra não dita, que o publico alvo não iria se identificar com um modelo negro)
Sempre me obriguei a lutar contra essa barreira invisível da não representatividade. Era como se não existisse a possibilidade de se escrever sobre negros, desenhar negros ou fazer publicidade para negros, simplesmente porque minhas referências nesse sentido eram muito escassas, quase nulas. Os livros que lia, os desenhos que via, as propagandas que via, quando tinham negros, nunca eram protagonistas ou muitas vezes não tinham. Essa falta sempre foi apontada por meus pais e tios. Algo que precisava ser mudado, porém a barreira sempre estava lá. Mesmo sendo alimentado por um pensamento critico.
Que barreira era essa?
A mesma barreia que me fazia sentar um pouco mais afastado de meninos negros no colégio, a mesma barreira que não me deixava me aproximar de garotas negras na pré adolescência ou acha-las bonitas. Uma barreira que nunca foi verbalizada ou racionalizada de verdade: O medo quase que ancestral de ser reprimido ou punido por estar junto dos meus iguais, e até mesmo de me sentir rebaixado ou fraco por querer ficar próximo dos meus, por ser mais fácil ser aceito.
E sempre que sentia essa barreira me oprimir eu fazia de tudo para ultrapassá-la, e assim, minha primeira ilustração publicada tinha um garoto negro, consegui fazer publicidade com pessoas negras, mesmo que as vezes ter sentido uma resistência, e muitas vezes não ter um layout aprovado por minha tentativa de representatividade.
E no Trovinhas?
Não foi diferente, o objetivo das ilustrações é ser plural. Tratar do amor do ser humano, algumas vezes contra esteriótipos de gordo/magro do belo/feio e as cores como adjetivos multiplos e não classificatórios.
Mas mesmo assim, a barreira tentou me impedir em alguns momentos e principalmente na capa. Talvez se a tivesse feito a alguns anos atrás não conseguiria vencer esse obstáculo, porém após refletir sobre essas questões acima e materializar essa barreira, antes invisível, consigo compreender racionalmente essa luta e espero que com o “Trovinhas..” mais pessoas possam vencer imposições estruturais como as relatadas aqui.
A luta sempre está começando. A representatividade é o caminho.
Ilustração Livro infantil
Olá pessoal, estou voltando depois de um tempo sem postar. finalmente meu tcc esta pronto!
Para marcar a volta estou postando esta ilustra. Ela faz parte de um projeto de um livro infantil que estou fazendo. iniciei na aquarela, mas a pintura ficou mais no photoshop. Em breve (com um pouco de sorte) posto a segunda ilustração.
abraços aos que passarem por aqui.